Será um texto breve, até porque o assunto é delicado e nada como ir direto ao ponto, quando o ponto é mais embaixo. Então lá vai: não tem nada mais tiro no pé do que o desespero. O país está meio aos trancos e barrancos, o valor percebido pelo trabalho é baixo, a concorrência é animal, mas, meu amigo, minha amiga, disparar e-mail para Deus e o mundo não só prejudica o emissor, mas a classe inteira.

desespero2

Faço revisão, diagramação, reportagem, layout, ilustração...

Tenho experiência, preciso de dinheiro extra, aceito período da madrugada. Todo mundo sabe que todo mundo sabe, que todo mundo sabe fazer alguma coisa. Faça um portfolio e anuncie o portfolio, oras. Assumir esta postura da derrota é antecipá-la. Superfaturar o mercado de vagas é, igualmente, arriscado. Para sair da multidão, não tem mistério: tem talento e trabalho que encontram a oportunidade. Se você nasceu com o primeiro e não tem medo do segundo, invista na terceira. Faça os contatos certos, mande e-mails mais trabalhados para clientes e fregueses, ligue para parceiros de negócios, mas não inflacione o mercado de forma injusta. Estamos trabalhando para melhor servi-los. E não servindo para melhor trabalharem. Para terminar uma parábola do mundo real: quando tinhas uns 13 anos já era um colecionador de quadrinhos, digamos, respeitável para idade, com uns 600 exemplares, alguns deles da década de 50-60. Estava eu numa rodada de banco imobiliário na casa de um amigo quando ele me vem do quarto do pai com um exemplar do procuradíssimo Gibi, lançado em 1939 e tido como um dos precursores da nona arte no país. Ela estava indo para o lixo, para aquela família não faria diferença. No entanto, em vez de deixar passar e distraidamente pegar para ler, tratei de contar toda a história da revista e dos quadrinhos no Brasil...resultado: voltaram com o Gibi para dentro de casa. Nunca mais soube dele. Moral e Cívica da história: Não é de hoje que peixe morre pela boca.