Vamos falar sobre cansaço? Não me refiro aqui àquele banho interno de endorfina após uma rápida corrida (ou pedalada) pelo bairro. E sim, o cansaço real e mental depois de muito trabalho, em um ano difícil como 2013. Estava me preparando para começar o dia e me veio esta ideia: percebo que até ele tem a sua função em nossas decisões pessoais. Se não, vejamos: O cansaço nos ajuda a entender o difícil conceito do limite. Repare que, com as mudanças sociais e tecnológicas recentes eliminamos intermediários. Primeiro, o sistema de correios, depois, as grandes lojas de varejo, as gravadoras, as distribuidoras de filmes, as relações sociais, as estruturas educacionais e, “conquista das conquistas”, o tempo. E quando matamos o tempo, meu amigo, nos achamos sem limites. Podemos ser vários e em diversos lugares “ao mesmo tempo”. Pensar, criar (pulando o planejar), divulgar, fazer sucesso, atingir o ápice e decair, tudo acontece “em tempo real”. Enfim, não se deixe enganar pelas metáforas: ao eliminar o intermediário tempo nos consideramos sem limites. Mas aí, chega o cansaço para nos lembrar de que não é bem assim. E este momento, tem um valor único. Conhecer os seus limites é também saber quando parar, quando perceber que você não está tão brilhante e inteligente quanto antes e que talvez, tenha apenas acordado para o fato de que ser normal, também é legal. O cansaço também nos ajuda a descobrir aquilo que não nos deixa cansado. E isso tem um valor ímpar em vidas corridas como a dos cidadãos do século XXI. Sabe aquele pequeno momento de refrigério entre uma atribulação e outra? É isso que não te deixa cansado e, descoberta das descobertas, é isso que você deveria estar fazendo de sua vida neste exato momento. Em pouco menos de 300 palavras, este texto já mostrou para você duas funções muito importantes do cansaço profissional. Você reencontra os seus limites e descobre o que deveria estar fazendo de sua vida. Calma, que tem mais! S

E quando o próprio cansaço não te deixa ir em frente?

Aí, meu amigo, deve ser dezembro. Embora gurus de produtividade e negócios insistam em afirmar que este efeito é ilusório, mera jogada comercial ou, ainda, coisa de sua cabeça, somos sim seres cronológicos (me permitam a contradição em relação aos primeiros parágrafos do texto) e à passagem do tempo ou à chegada de determinados “milestones” creditamos toda a sorte de soluções mágicas ou ritos de passagem. Renda-se: a cultura é sempre maior do que o ator cultural. Por mais influente que ele seja! Depois de alguns anos gerenciando contratos e equipes, ouso dizer que somos ainda míopes semanais. Ou seja, concebemos nossos picos de trabalho em espaços de cinco dias, seis no máximo. Junte isso com um ano complicado, cheio de idas e vindas e, pronto: chega dezembro e você nem consegue levantar os olhos, quiçá produzir. Então, se você estiver neste momento meu caro, acabou de descobrir mais uma função do cansaço: ele é a febre do corpo produtivo, que avisa que algo não está bem. E que uma tirada do pé do seu acelerador profissional se faz necessário. Cabe a você considerar ou não como mandatório este recado de seu metabolismo. Para finalizar, o cansaço é uma bússola que aponta para o Sul. Já que você é limitado por natureza, sabe o que quer fazer e precisa de uma parada, basta unir estes três pontos para descobrir que de vez em quando, sim, você vai precisar descansar por um tempo. Como os pássaros migratórios vai voar para o Sul mais quente, olhar para o mar e pensar: eu preciso mesmo é de um ninho maior. Sim, 2013 foi um ano muito difícil para mim e não foram as vezes que pensei em parar. Na verdade, eu preciso parar por um tempo mesmo. Só que não agora. O cansaço me deu a primeira lição, sobre minha finitude e limitação e sobre ela tenho refletido bastante nos últimos meses. Conclusões, claro, só depois das férias. E a você: o que o cansaço ensinou nos últimos meses? P.S: Aos ouvintes, o programa volta, sempre. Aos leitores, os textos não pararam. Aos expectadores, o vídeo é ainda uma fronteira distante, mas visível nos mapas de navegação meus e da equipe do Carreirasolo.org