Na época o lugar mais parecia um galpão semi-destruído: fios para todo lado, computadores que não paravam de chegar, contratações toda semana. Sim amigo, o ano: 1999. O lugar: a bolha da internet. Quem me levou? Pedro Milliet que, na época era o Diretor de Marketing da 2PG, produtora carioca que me traz boas lembranças. Daquele momento ali, quando fazia entrevista para a vaga de redator até hoje, quase quatro anos depois, foi como um trocar de e-mails, um download de mp3...tudo muito rápido, mas cheio de aprendizado e experiências interessantes. Há algum tempo soube que o Pedro tinha mudado tudo e agora era "dono de um cyber-café em Morro de Sâo Paulo?" Sim, reinvenção pessoal tem sido nosso tema recorrente e eu não poderia deixar de chamar o Pedro para nos contar suas opiniões sobre isso. Aproveitem. Quando começamos a trabalhar juntos você era executivo de contas numa empresa de Marketing Direto. Tempos depois me chamou para iniciar a trabalhar com Web..tempos depois, passada a bolha, agora é empresário na Bahia. Nossos leitores passam por muitos momentos de transformação em suas carreiras, ainda bem cedo, alguns antes de terminar a faculdade. Conte um pouco para gente da necessidade de se transformar todos os dias.
A necessidade de me transformar a cada dia começa quando de, uma única célula, me desdobrei em duas e assim deu no que deu. Quer dizer... não pára nunca mesmo. Um amigo me chama de alma inquieta. Já pintei camiseta, cozinhei em restaurante vegetariano, fui boy da IBM, trabalhei em almoxarifado de empresa de ônibus, entrei pra faculdade, fiz estágio, virei redator, pirei, morei no nordeste, casei, tive filho, fui pros states, estudei fora, me formei, trabalhei de garçon, fui tradutor, trabalhei em ONG, voltei para o Brasil, dei aula de inglês, trabalhei em plataforma de petróleo, em agências de propaganda, fiz frelancer de montão, fui pra empresa de internet, pra empresa de engenharia e telecomunicações e fui demitido. Fazer o quê? Férias marcadas... vim pra Bahia. Dai cheguei aqui e tudo parecia me conduzir para esse plano oculto: montar meu próprio negócio, ser meu patrão, por em prática um pouco de tudo: prestação de serviço, atendimento a cliente, fluência em vários idiomas, conhecimento de internet, marketing direto, culinária... de frente pro mar.
O que Pedro Millet Gerente de Marketing levou para o Pedro Milliet dono do Café do Morro?
cafedomorro_logo.jpgO Pedro Milliet profissional de comunicação e marketing tem tudo a ver com esse que montou o negócio no Morro. Claro que o buraco é mais embaixo e ser dono do próprio negócio não é bem ser frelancer. Mas me repito e me lembro a cada momento que não troco isso por nada. Nenhum salário me faria mudar de volta pro mundão corporativo. E olha que apareceram 2 oportunidades depois que vim pra cá. Hoje, meu negócio em Morro de São Paulo é o Café do Morro: internet, studio & café. Um espaço de mais ou menos 50m2 com 10 computadores totalmente equipados para atender turistas e comunidade no que diz respeito a serviços de internet e recursos digitais: gravação de cds, fotos, telefonia voip etc. Também sirvo o brownie mais delicioso de toda á região e os cafés também são perversos... Atendo aos turistas com cortesia, qualidade, personalidade. Me especializei em um grupo que frequenta ao Morro em massa: os israelenses. Sim ... acredite se quizer. Os israelenses vêm pra cá em muvucas durante todo o ano. Como eles têm dificuldade de comunicação configurei meus teclados em hebraico, falo em inglês fluente e eles me adoram. Ajudo no que posso e eles ficam agradecidos e passam de boca em boca que estou aqui. Já estou em 3 websites de referência turística na America do Sul como "a melhor fonte de informação em geral e prestação de serviços de cyber café". Até salgadinhos tipo batatinhas fritas eu importei de Israel. Vende como água. Tenho um "guest book" e os depoimentos não me deixam me gabar a toa. Mas também tem franceses, americanos, alemãs, muitos italianos, espanhóis, chilenos, australianos e outros. Para esses tenho livros em vários idiomas (sistema de troca = traz um leva um). Tenho livros de arte e turismo pra consulta. O espaço é bem legal.
Como surgiu a idéia? Foi de estalo ou passou pelos passos normais de análise de viabilidade, estudo de local etc etc.
Já tinha vindo ao Morro há vários anos, como turista, gostei bastante. É difícil não gostar daqui. As praias são lindas, a vila é pacata, a vida é mansa e morna e os dias parecem não seguir nenhum calendário. Coisa de turista, né? Meio paraíso que deixa a gringaiada doida. O planejamento surgiu da observação de 15 dias, mapeei o lugar, vi o que faltava, montei um business plan (furado em quase 4 vezes na questão dos gastos iniciais - não tinha idéia do que seria transportar o sonho para uma ilha... e na Bahia... ai ai.). Tomei calote de baianinho esperto de olho em otário (dublê de empresário), me estresso cada vez que preciso de um serviço de banco (que não possa ser feito pela internet = tudo aqui tem que ser feito fora - em Valença ou em Salvador. Tudo caro, distante e inexistente). Mas vou levando... "dias sim dias não eu vou sobrevivendo sem um arranhão". Daí já entrei no meu 3º verão e os planos para o próximo ano são o de fazer o café cada vez mais café. Já ampliei meu cardápio. Agora tenho sanduiches, waffles e mais variedades de cafés. Acho que as coisas estão dando certo.
Convite a todos os leitores Pessoal, então estamos combinados: passando lá pelo Morro de São Paulo, o Café do Morro é ponto de parada certo. Levem livros interessantes para trocar, provem esta tal batata de israel e contem para todos nós. Para dar uma olhada no local, clique abaixo: