Um dia você acordou e estava tudo bem diferente. Você percebeu que estava morando em um país no qual pode escolher em qual empresa vai trabalhar, busca satisfação pessoal antes de servir a um patrão invisível e quer viver bem, antes de labutar em funções sem sentido tal e qual a um mouro. Sim, vivemos uma época de plenitude de escolhas. No Brasil mais do que no mundo, inclusive. Antes de levantar sua mão na última fila ou, ainda, arremessar um tomate em direção ao autor de frase tão disparatada, afirmo que não desconsidero as desigualdades nem tão pouco as injustiças de nosso país. Mas, se você está inserido em uma dinâmica urbana e teve uma formação apenas mediana, tem a sua frente um universo de oportunidades que seus pais e avós não puderam experimentar. No entanto, tal situação não está sendo aproveitada a contento. Já estamos caminhando para a virada de uma segunda geração em que tal plenitude seja potencializada em mudança real de paradigma, de legado e de novos mitos. E isso, acredito, tem a ver com uma habilidade pouco trabalhada: o talento de escolher a história da qual você quer participar. Sim, você pode. A notícia não tão boa é que escolher a história da qual você quer participar é bem mais difícil do que parece viver assim. Vou ponto a ponto. Para início de conversa, escolher a história da qual se quer participar envolve interromper histórias que já estejam em curso. É, portanto, um exercício de ruptura. E seres humanos não curtem muito rupturas. Não à toa, somos seres apegados a um contínuo espaço temporal e iludidos com a direção única do tempo. Trabalhar rupturas é, portanto, ir de encontro a essa ilusão de continuidade, e, por isso, dói aqui e ali. Mesmo para aqueles que figuram como tábulas rasas no enredo da existência, escolher a história da qual se quer participar é ainda mais difícil. Seres necessitados de atenção, multi-tudo e sem foco; não conseguem sequer separar por prioridade tudo o que o mundo oferece. Ficam, assim, flutuando na indecisão, tentando de tudo superficialmente.

Como fazer, então?

A primeira dica é desacelerar. Deixa eu contar uma coisa para você, ser recém-criado ou recém-chegado a esse mundinho de Deus: você não vai conseguir fazer tudo o que quer, principalmente se teimar em querer mais do que pode. Portanto, desacelerar é a chave. E isso quer dizer querer menos coisas. Entenda: não estou falando em diminuir o tamanho dos seus sonhos, mas sim, focar naqueles com mais chance de conclusão. A receita para isso é simples: escolha as missões mais alinhadas a sua verdade pessoal. Não tente ser/desempenhar o que sua atividade profissional (tão transitória) ou sua demanda pessoal e familiar (tão injusta às vezes) demandam de você. Quer mesmo é ser pintor no lugar de funcionário público? Vai lá comprar as suas tintas e deixa de mimimi. A segunda dica seria para você ser honesto com as histórias que não precisam de você. Deixe-as ir. Pratique esse desapego. Pode ser uma carreira, um relacionamento, uma participação em um projeto no qual você não acredita mais. A todos eles, dê a liberdade de seguirem seus caminhos sozinhos. Pode parecer assustador no início, mas você vai ver que elas sobrevivem sem você. A urgência de sua presença em todos os lugares e momentos é a pior das ilusões contemporâneas. Por fim, planeje-se para honrar suas escolhas. Cada escolha, diz o palavrório popular, é uma renúncia. Mas, o que a frase corrente esconde de você é que cada escolha é, também, um momento de júbilo pessoal, de plenitude absoluta. Para alcançar esse momento, contudo, você precisa trabalhar para ele religiosamente todos os dias. É o que a história que você escolheu viver cobra de você. Portanto, uma vez escolhida a direção a qual você quer seguir, dedique-se a esse caminho, no tempo que puder, mas todos os dias dê um pequeno passo. Pode ser a leitura de um livro, o aprendizado de uma nova língua, a criação do aplicativo que vai ser comprado pelo Facebook por 1 billhão de ouros, não importa. Aliás, importa bastante. Para você. Estamos combinados, então? Escolha a história da qual quer fazer parte, mantenha o foco e trabalhe por ela. Sempre vai compensar. E se você optou fazer parte da história desse post, aguardo seu comentário e compartilhada logo abaixo!