O fato é que as ferramentas de produção deixaram de ser um diferencial há algum tempo, principalmente nas áreas criativas. E se não quiser exemplos tão próximos ao seu dia a dia de trabalho saiba que, neste exato momento, alguém em alguma garagem está criando uma nova arma/máquina/wtf que pode mudar ou acabar com o mundo e vai terceirizar a produção em uma impressora 3D na China. É esse o estado (volátil) das coisas. Como vivem e se reproduzem os seres que fazem das ideias sua fonte de trabalho? Seu manancial para futuros projetos? Não mais vivem. Estão sim empalados em diversas frentes abertas, como se fossem assassinos seriais reversos sem vítimas, descontando aí eles mesmos. Em sua voracidade, atuam como poetas do “Mal do Século”, buscando o próprio fim como manifestação artística. Criam oportunidades, abrem caminhos, entram em contato com pessoas. A isso dão o nome de iniciativas.

Quer um conselho? Acabe com as iniciativas em sua vida.

E comece a se concentrar em produzir e concluir algumas delas. Troque as iniciativas pelas conclusões. Pelo raciocínio. Pelo esmero estético e artístico (ou fabril) do seu fazer. O mundo precisa hoje é de finalizações. De profissionais comprometidos com os direcionamentos acordados com seus clientes, com profissionais que atentam bem a seus clientes. O mundo precisa de clientes que não finjam ignorar um mundo feito de pessoas com limites físicos de entrega e dedicação. Que não brinquem de ter ideias e planejar, que pensem no produto final, no consumidor final, no, afinal, final da história. Que pensem em histórias bem contadas e não em “9 melhores práticas de story tellings para marcas”. O mundo precisa de pessoas comprometidas em serem as melhores no que fazem. Dá para sentir falta no cenário mundial de gente que olha para o medíocre e fala baixinho, no canto escuro de seu laboratório mental mais secreto: "Eu posso fazer melhor do que isso e farei”. O mundo precisa voltar a ser plural como o mundo realmente sempre foi, só que você não sabia, sua pai não podia admitir, sua avô pensava em viajar para conhecer e seu bisavô acredita tudo ser mito. Essa pluralidade não tem nada a ver com o fluxo desta timeline mundial. E muito menos fruto de uma bolha pseudo-humorística que a todos conforta (adormece?) como uma sereia anfíbia e maltrapilha: “Sorria, você está sendo dizimado”. Ou então, moto perpétuo.
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