A vida não é fácil quando você só tem respostas. As perguntas é que são suas amigas.

A careira de quem decide encarar a vida de profissional independente, seja como freelancer ou empreendedor, tem um início diferente de todas as outras em um aspecto: a necessidade de comprovar que você está nessa a sério. Pergunte para um engenheiro se ele precisa justificar a todo momento por que ele escolheu construir prédios, pontes e fábricas inteiras e você terá uma boa base de comparação. Para um freelancer de área criativa ou para um empreendedor de qualquer área (em um país onde o Governo é seu sócio quase majoritário), contudo, a reação é diferente. "Por que você não tenta algo mais seguro?", "Mas você está nessa como um bico passageiro, né?". De tanto imaginar as situações que nossos leitores passam, resolvemos listar algumas das coisas mais estranhas que freelancers ouvem quando decidem contar para os quatro ventos que sim, agora funcionam por conta própria. E, claro, cada pergunta tem uma resposta que, se não é definitiva, vai deixar o "perguntador" coçando a cabeça. Vamos lá! 1. Mas por que você não tenta concurso público? O que dizer? Nem todo mundo quer fazer a mesma coisa pelo resto de sua vida. Algumas pessoas REALMENTE precisam de desafios temporários e, de dois em dois anos, se reinventar. Uma carreira pública é um grande avanço para quem pretende seguir uma determinada rotina, mas, para mim, é a morte em vida. Além do mais, nosso Estado já está bem inchado, não acha? 2. Isso é temporário, né? O que dizer?  Pode ser que sim, pode ser que não. O fato é que eu escolhi este tipo de atividade (mesmo que tenha sido surpreendido por ela, por uma oportunidade ou fatalidade), vou me planejar e o sucesso só deve chegar depois de dois ou três anos de muito trabalho. Então, não é algo passageiro. É um plano de vida. 3. Existe mercado para este tipo de trabalho que você faz? O que dizer? Na maioria dos casos, sim. A demanda por contratos temporários e atividades desenvolvidas em home-office só faz crescer em todo mundo. Aqui no Brasil, com a nossa vocação para grandes e megalômanas estruturas, iniciativas como a Freelancers Union americana (que promove eventos, discussões e até amparo legal aos freelancers de lá) não pegaram nem decolaram. Somos corporativistas, temos o governo inchado e voraz em seus impostos. Mas, ainda assim, agências de propaganda, de conteúdo e software houses contratam sempre. Aliás, é o seu caso? 4. E como você vai se aposentar? O que dizer? Eu, como trabalhador criativo e empreendedor serial, vejo a possibilidade de parar como minha última alternativa. Boa organização financeira e um plano de previdência complementar podem fazer parte de meu plano de vida, até por uma questão de precaução. Mas meu destino é colocar para fazer.  E não fazer para se colocar em hibernação alguns anos depois. (Em tempo: já escrevemos uma série de posts sobre isso.) 5. Mas as pessoas vão pagar você para fazer isso? O que dizer? Sim, vão. Em espécie, em depósito, em PayPal, na contra-apresentação de uma RPA ou Nota Fiscal (quando eu já tiver o meu CNPJ). Eu posso até me resguardar criando propostas e contratos específicos, bem detalhados e certinhos. Mas, cumprindo a tarefa de me posicionar corretamente em um mercado que esteja ativo, a grande pingará. 6. Se você estudo só quatro anos como já é "Diretor" de Arte? O que dizer? Sou responsável por uma atividade chamada "Direção de Arte", ou seja, eu desenvolvo a assinatura visual de peças de design, propaganda, filmes publicitários, entre outras. Isso não quer dizer que eu tenha funções estratégicas em algum organograma de grande empresa.  :) 7. Quem consegue trabalhar em casa? O que dizer? Eu. O home-office é uma conquista para alguns, sabia? Fico mais perto da família, não enfrento trânsito, tenho mais tempo para atividades extras no meio da semana e me alimento melhor. Com organização e disciplina posso até mesmo trabalhar menos horas e produzir mais do que um profissional semelhante a mim em um escritório tradicional. 8. É biscate o que você faz? O que dizer? Não. O que eu faço é a minha profissão. Foi para ela que eu estudei e ela se resume às mesmas tarefas que eu teria em uma empresa tradicional. Aliás, até mais tarefas, pois também sou o boy do escritório, o dono e o financeiro. 9. Mas se esse negócio de startup não existe, como alguém vai te dar tanto dinheiro para montar? O que dizer? Porque eu tenho visão do meu mercado e enxergo coisas que outros profissionais não conseguem. Por isso, investidores resolveram DIVIDIR O RISCO comigo e acelerar algumas etapas no desenvolvimento de meus negócios. Ao final, dando certo, temos alguns acertos contratuais para repartirmos lucros e dividendos da operação. 10. Como você vai trabalhar com alguém que nunca viu pessoalmente? O que dizer? Da mesma forma que você vai trabalhar com alguém que viu duas ou três vezes em sua vida. Ou você vê o seu gerente em uma grande empresa TODO santo dia? Ah, e tem outra: o século XXI trouxe alguns avanços em telepresença e comunicações que me permitem gerenciar o meu tempo e o dos outros de forma ainda melhor do que nas antigas estruturas. 11. Como você faz para não estagnar seu conhecimento trancado dentro de casa? O que dizer? Eu não fico trancado dentro do meu home-office. Vou a eventos de minha área, já palestrei em alguns deles e até mesmo faço cursos livres em instituições como a iVersity e a Udemy que têm excelentes MOOCs. 12. Como eu faço para visitar o seu escritório? O que dizer? Outro grande ganho dos tempos atuais: escritórios compartilhados. Se você, como meu cliente, fizer questão de uma reunião mais estruturada, nos moldes tradicionais, é só me encontrar no espaço de co-working no qual eu sou associado. Mas, se você, como eu, for mais informal e cool, conheço um café ótimo no bairro em que você mora. (Em tempo II: ouça esse episódio do Sala101, nosso podcast com dicas rápidas sobre esse tema) 13. E se os seus clientes sumirem TODOS amanhã, o que você vai fazer?  O que dizer? Provavelmente a mesma coisa de hoje: investir na obtenção de novos clientes. A prospecção é uma tarefa contínua na vida de de qualquer empreendedor de sua própria carreira. Mandamos 50 e-mails, dos quais 10 são respondidos e desses, apenas dois fecham. Só que fazemos isso todos os dias. Pois gostamos do que fazemos e acreditamos nisso.

Concluindo

Pois é, as questões virão. E, se você for do tipo que gosta de responder a elas, este post é um bom começo. Mas, você pode seguir e ler nosso Guia inicial de artigos, ouvir nossos podcasts (FalaFreela e Sala101) e ficar sempre por aqui comentando e interagindo com a nossa comunidade. Aliás, você pode começar isso agora. Comente aí com novas perguntas que você já ouviu em sua vida de freelancer!